Para falar de irradiação solar, precisamos relembrar alguns conceitos que estudamos das aulas de Física nos tempos da escola. Por mais semelhantes que possam parecer, os significados de radiação e irradiação não são os mesmos e entender isso é fundamental para compreender como um painel fotovoltaico é capaz de continuar captando energia solar e transformando-a em energia elétrica mesmo em dias nublados.
é a energia liberada pelo Sol, principalmente sob forma de ondas eletromagnéticas. Parte da radiação é vista em forma de luz, outra parte foge do espectro que conseguimos perceber visualmente, mas sentimos seus efeitos, são os raios infravermelhos (IV) e os ultravioletas (UV). A vida na Terra só é possível graças aos 1,5 x 1018 kWh de energia fornecidos pelo Sol anualmente.
Parte da radiação emitida pelo Sol é refletida (pelas nuvens, pelo gelo, pelos oceanos), perdida por difusão ou absorvida por moléculas de oxigênio e ozônio da atmosfera. No entanto, mais de 50% chega à superfície, e é essa fração de radiação que chega à superfície que nos interessa.
é a propagação de energia sem a necessidade de meio material. É a quantidade de radiação solar em determinado intervalo de tempo. Geralmente, é medida em watt por hora por metro quadrado (Wh/m2).
Os painéis fotovoltaicos se conectam uns com os outros, formando uma rede ligada ao inversor solar, peça que converte a energia solar captada pelos painéis em energia elétrica, pronta para ser utilizada por qualquer aparelho ligado à rede. O que não é utilizado pela unidade consumidora pode ser entregue à concessionária e utilizada posteriormente em forma de crédito na conta de luz.
As pesquisas com células solares são muito mais antigas do que imaginamos. A descoberta do fenômeno fotovoltaico se deu em 1839, pelo físico Antoine Cesar Becquerel, mas somente um século depois, em 1941, as células solares de silício – semelhantes às usadas até hoje – foram criadas por Russel Ohl. Em 1954, pesquisadores americanos (Daryl Chapin, Calvin Fuller e Gerald Pearson) criaram o primeiro painel fotovoltaico capaz de converter (6%) energia solar em energia elétrica.
Os painéis fotovoltaicos são formados por módulos, que por sua vez são feitos de conjuntos de 36, 60 ou 72 células fotovoltaicas – geralmente feitas de silício monocristalino (que respondem a 80% do mercado). A eficiência dos painéis é dada no quanto (em %) de energia solar é convertido em energia elétrica por m2. A eficiência desse tipo de painel fica entre 15 e 20%. Sua vida útil é de 25 a 30 anos e se considerarmos que o investimento feito na instalação de micro ou miniusinas fotovoltaicas se paga em torno de sete anos, temos cerca de 20 anos de energia limpa gratuitamente.
Quando falamos em energia fotovoltaica, é comum pensar que os painéis funcionam somente em dias limpos e ensolarados, e isso é uma preocupação principalmente para quem vive na região Sul do Brasil, onde o inverno é mais rigoroso e os dias nublados, mais comuns. Entretanto, dias frios e nublados não são um impedimento para a geração de energia fotovoltaica. Na Alemanha, líder mundial em consumo de energia solar, o inverno é muito mais intenso e a incidência de raios solares é bem menor que no Brasil, por exemplo.
Obviamente, em dias ensolarados e de céu “limpo”, a captação de energia solar é mais eficiente e os painéis trabalham com todo seu potencial, porém, os sistemas mais modernos são capazes de captar irradiação solar também em dias nublados, e mesmo que a produção fique menor em alguns períodos, a média é sempre positiva ao consumidor.
Além disso, as beiras das nuvens podem funcionar como um espelho, refletindo a luz e aumentando o ângulo de incidência, dessa forma, a luz chega a uma superfície maior do painel. O frio também pode aumentar a eficiência dos painéis, pela redução de resistência. Logo, morar em uma região onde o tempo é predominantemente frio e nublado não é impedimento para se investir em painéis fotovoltaicos.
O Brasil é um dos países com maior incidência de raios solares ao ano, especialmente os estados da região Nordeste, que apresentas os maiores valores de irradiação solar global (relação entre maior média e menor variabilidade). Entre o centro, semiárido, da Bahia e o noroeste de Minas Gerais, a média anual é de 6,5kWh/m²/dia. No País, a média fica entre 4.500 Wh/m2 e 6.300 Wh/m2, de acordo com dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar.
É um potencial energético riquíssimo e que somente nos últimos anos passou a ser explorado. Principalmente após criação do Sistema de Compensação de Energia Elétrica (Resolução 482/2012 da Aneel) e instituição da Resolução Normativa 687/2015, que, entre outros benefícios, fomenta a compra e a instalação de painéis e outros componentes para micro e miniusinas fotovoltaicas residenciais.